É a noite, percebes? É a noite que fode tudo. É aquele enquanto, enquanto não paras de pensar mas já paraste de viver. Porque quando a outra metade da cama não está vazia, não paras de viver nunca. Mas quando estendes o braço e só encontras escuridão, esta ganha formas. Infelizmente, não de mamas.
Procuras calor e só encontras trapo, quente sem alma. Com sorte, encontras uma almofada de penas, almas de mil patos mortos, tem calor e tem forma. Mas não é fricção do corpo nem arcos de mamoplastia.
Outras vezes não estendes o braço. Esvazias a mente e esperas. Susténs o fôlego, queres aspirar um respirar, queres encontrar um suspiro alheio. E contas: 2, 2, 2, 2, 2, 2, 2… Começas a ficar azul quando te apercebes que só sabes contar até par. E em vez de aspirares, deitas tudo cá para fora. É difícil respirar em altitude, os ditosos altos fazem-te perder o sopro. Mas também não encontraste aqui nenhum, a cama está vazia, de bico a bico.
É a noite, percebes? É a noite que fode tudo. É a noite que te faz sentir só e querer ter-te aqui.
Amor é olhar para o peito de uma mulher e ver o coração. Enquanto não inventarem óculos de raios-X, fico-me pela parte de fora.
Gonçalo Fortes
4 de Setembro, 2012 at 17:12
We’re getting dangerously scrupulous aren’t we? 🙂
4 de Setembro, 2012 at 19:07
Porquê? Também só pensas em mamas? 😛
4 de Setembro, 2012 at 23:11
“Só” is an understatement. 😛 Mas não fiquemos piegas que aqui o assunto é sexo! Não?
4 de Setembro, 2012 at 23:52
Não é sempre? 😉